Menina usou celular para enviar 10 mil mensagens de texto em um mês
É mais fácil arrancar uma noz das patas de um esquilo faminto do que tentar tirar o celular de um adolescente.
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Tentar prevenir completamente seu uso, banir os celulares das escolas, é uma batalha perdida", diz
Barb Goings, diretora da Green Mountain High School, uma escola de segundo grau em Lakewood, um subúrbio de Denver.
Isso se tornou claro na semana passada com a notícia surgida em Cheyenne, Wyoming, sobre a espantosa conta de telefone dos
Christoffersen - US$ 4.756,25 em um mês (equivalente a R$ 10,4 mil), custo justificado principalmente pelas mensagens de texto enviadas por sua filha de 13 anos,
Dena.
A menina, que ainda está no ginásio, ficará de castigo pelo resto do ano, e seus pais estão negociando a conta com a operadora de telefonia móvel. O aparelho foi destruído a marteladas por
Gregg Christoffersen.
Os pais de
Dena afirmam que a maior parte de sua comunicação por meio de mensagens de texto acontecia na escola, e que as notas da filha melhoraram depois que o telefone foi destruído.
Em todo o país, estudantes e celulares formam uma unidade tão fechada que, na maioria das escolas, regras quanto ao uso de celulares se tornaram uma ocorrência comum. Nos manuais de alunos, elas vieram se somar às normas de vestimenta e de comportamento que os estudantes precisam seguir.
Na região de Denver, diversas escolas conseguiram, na prática, promover uma trégua com seus alunos quanto ao uso dos celulares. As normas adotadas para o uso de celulares em muitas escolas proíbem que os estudantes enviem mensagens de texto, ou até que mantenham seus aparelhos ligados, durante as aulas, mas eles podem usá-los nos intervalos entre as aulas ou nas áreas comuns da escola. Os alunos que violam as regras têm seus aparelhos confiscado.
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O limite que nós estabelecemos é que não se pode usar um celular quando isso causa perturbações durante a aula; quando isso acontece, nós agimos", disse
Pat Sanchez, diretor da Denver West High School.
Mas manter o respeito a essa norma é muito mais difícil do que poderia parecer.
Sanchez diz que, desde que a nova norma foi adotada, alguns alunos se tornaram muito mais habilidosos no envio de mensagens sorrateiras de texto quando os professores não estão olhando, e alguns deles, disse, conseguem digitar as mensagens com os celulares no bolso, sem nem mesmo olhar os aparelhos.
Para tornar a situação ainda mais complexa, muitos pais preferem que seus filhos vão à escola com seus celulares, de forma a alertá-los em casos de emergência ou coordenar planos para apanhá-los depois da aula.
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Isso é algo que os pais já indicaram que preferem que seus filhos tenham", disse
Tustin Amole, porta-voz do distrito escolar de Cherry Creek, em Denver.
A preferência significa que os dirigentes escolares precisam fazer distinções cuidadosas entre punir as distrações indesejadas causadas pelos celulares enquanto permitem formas aceitáveis de uso dos aparelhos.
Na KIPP Sunshine Peak Middle School, em Denver, os alunos deixam os celulares na administração, quando chegam pela manhã, e os apanham na hora de ir embora, diz
Rebecca Holmes, a diretora executiva.
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Ficar sem o celular durante todo o dia de aula é provavelmente tão ruim quanto perder as chaves do carro, para eles", diz
Goings, a diretora da escola Green Mountain. "
Alguns dos meus alunos sofrem crises de abstinência se não tiverem seus celulares".
Em todo o país, os diretores de escolas têm se esforçado mais para reprimir o uso de celulares. Em Iowa, os legisladores estaduais estão debatendo uma lei que restringiria o uso dos aparelhos no horário escolar. Um diretor de escola em Vancouver, no Canadá, tentou bloquear os sinais de celulares na área da escola, mas foi informado pelas autoridades de que isso era ilegal. E, no Wisconsin, um aluno de 14 anos terminou suspenso por indisciplina em um incidente que começou quando ele foi apanhado trocando mensagens de texto em classe.
Mas os administradores escolares também estão descobrindo que o vício dos celulares entre os alunos pode ser usado de maneira positiva.
Sanchez, o diretor da Denver West, diz que ocasionalmente se comunica com os líderes do corpo discente via mensagem de texto, para ajudá-los a planejar eventos escolares.
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Honestamente", ele diz, "
é a garotada que está me ensinando como fazê-lo".
*créditos a Paulo Migliacci ME
Texto original: The New York Times