Consumidor quer mais do que um celular 'bacana'
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No passado, tudo que era necessário para dominar um mercado era produzir celulares que todo mundo desejasse. Foi o que a Nokia fez por anos. Mas com os celulares agora transformados em conduto para toda espécie de funções, de GPS a jogos e vídeo, a batalha de venda está mudando e os aplicativos para instalação posterior se tornam cada vez mais importantes. O celular bacana continua a ser necessário, mas não é mais o bastante. Os fabricantes agora também precisam oferecer os aplicativos sobre os quais todo mundo anda comentando.
"Os aplicativos servem a três papéis principais entre os fabricantes de celulares", disse Neil Mawston, o diretor da divisão de comunicação sem fio na consultoria britânica Strategy Analytics. "Primeiro, eles geram lealdade; os grandes aplicativos ajudam a reter usuários para uma determinada marca ou modelo. Em segundo lugar, eles servem como forma de gerar receita; os grandes aplicativos podem direcionar um usuário a um celular que ele de outra maneira não consideraria adquirir. Terceiro, eles geram crescimento; os grandes aplicativos controlados pelos fabricantes de celulares podem abrir-lhes novas fontes de receita que vão além do hardware".
Tendo isso em mente, os três principais fabricantes de celulares inteligentes - os aparelhos dotados de funções avançadas - estão investindo recursos para ampliar a gama de aplicativos que podem oferecer a clientes. A Apple se tornou a líder do segmento, com sua iPhone App Store, inaugurada em julho. A empresa oferece oito mil aplicativos produzidos por terceiros, e já registra mais de 200 milhões de downloads.
A Nokia detinha 39% do mercado de celulares inteligentes, ou 15,5 milhões de celulares, no terceiro trimestre, de acordo com a Canalys. Embora isso represente o dobro do total vendido pelo concorrente mais próximo, é uma queda com relação aos 51% de participação que a empresa detinha no mesmo período em 2007. A Apple disparou para 17%, ou 6,9 milhões de aparelhos, ante 3,6% no período um ano atrás, em parte devido à sua rica oferta de aplicativos.
"A App Store mudou o jogo para nós", disse Greg Joswiak, vice-presidente encarregado do marketing mundial de produtos do iPhone do iPod. A Nokia, que há muito baseia seu negócio na produção de celulares e equipamentos para redes de celulares, entrou na parada no ano passado com seu site ovi.com, do qual aplicativos gratuitos podem ser baixados. Na terça-feira, a empresa deve lançar um novo aplicativo chamado viNe, que permitirá que usuários troquem fotos, vídeos e música com os amigos e o mundo em geral.
Com a capacidade do viNe para transmitir em tempo real a localização do usuário, revelar o que ele está fazendo e que música ele está ouvindo, ganha destaque a tendência a aplicativos que oferecem recursos móveis de redes sociais aos usuários sem que estes precisem se conectar ao MySpace ou ao Facebook.
No mês passado, o Google lançou o Android Market, para celulares equipados com seu sistema operacional Android. No momento só existe um aparelho operando com o Android, mas diversos outros devem chegar ao mercado até o final do ano.
A Research In Motion, fabricante do BlackBerry, começará a vender aplicativos produzidos por terceiros em sua loja, em m,arco. A empresa vendeu seis milhões de celulares inteligentes no terceiro trimestre, quase o dobro do total vendido no período no ano passado, e ocupa agora o terceiro posto nesse mercado.
"A maioria dos compradores continuará a priorizar os preços, marcas e o design do hardware como fator primário para decidir quanto à aquisição de um celular, pelo futuro previsível, mas os consumidores de produtos mais sofisticados cada vez mais procurarão por 'experiências', e seus celulares terão de fornecer software e serviços que os divirtam ou os tornem mais produtivos no trabalho", disse Mawston, da Strategy Analytics. "Alguns exemplos poderiam incluir jogos em estilo fliperama para o Apple iPhone ou recursos de navegação urbana como os oferecidos pelo sistema de GPS do modelo Nokia N96".
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