Com operadoras engatinhando no 3G e falta de frequências do espectro, LTE tem longo caminho até chegar aos brasileiros
Considerada a banda larga móvel 'de verdade' pelos especialistas em telecomunicações, a tecnologia Long Term Evolution (LTE) deve ser oficializada como padrão de rede em março e já está na mira de operadoras de telefonia móvel no Reino Unido, nos Estados Unidos e na Suécia.
As iniciativas pontuais de provedores em mercados mais maduros não significam que brasileiros devem se entusiasmar – o LTE só deve dar as caras no mercado brasileiro muitos anos depois do primeiro serviço comercial do tipo estrear na Europa ou nos EUA.
Não bastasse as redes 3G ainda estarem engatinhando no mercado nacional, o que faz com que as operadoras reservem suas verbas de investimento em curto prazo para o padrão, há problemas técnicos quanto à implementação.
O primeiro deles é o pesado investimento que operadoras teriam de fazer em fibra óptica para que a velocidade teórica prometida pelo LTE alcançasse os usuários sem problemas de lentidão como os registrados durante a implementação do 3G.
“Não adianta ter a velocidade do LTE de 100 Mbps se não tem senhora rede de fibra óptica pra aguentar o tranco. A Verizon, por exemplo, tem condição de investir muito, mas para outras operadoras que não têm, como as brasileiras, é bem distante imaginar”, analisa Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco.
“Temos ainda outro problema no Brasil: não temos banda pra isso. O espectro de 700 MHz ainda não está livre, já que o sinal da TV analógica ainda tem muitos anos de transmissão”, lembra José Geraldo Alves de Almeida, gerente de desenvolvimento e negócios da Motorola.
Nos Estados Unidos, operadoras, como Verizon e AT&T, pagaram bilhões de dólares em março de 2008 para que pudessem explorar a parte do espectro “liberado" pela TV Digital para redes de comunicação como o LTE, por exemplo.
A partir de 12 de junho, prazo postergado pelo governo norte-americano em fevereiro dada a ainda alta taxa de penetração do set-top boxes entre famílias mais pobres no país, as operadoras com licenças poderão começar a desenvolver projetos de redes LTE.
No Brasil, o Ministério das Comunicações já esclareceu que pretende desligar o sinal analógico da TV em detrimento ao digital apenas em junho de 2016, o que faz com que o aproveitamento da faixa do espectro vazia esteja a mais de 7 anos dos brasileiros.
Não bastassem os dois problemas anteriores, a crise econômica mundial não parecer ajudar a adoção do LTE em mercados mais maduros, o que deverá atrasar sua replicação em mercados em desenvolvimento que não podem se dar ao luxo de investir em uma tecnologia que não vingará pela menor quantia de investimento.
“O leilão do 3G na Europa aconteceu em 2000. No Brasil, aconteceu em 2008. A não ser que a Anatel seja mais ágil, vai demorar um bom tempo pro LTE invadir o mercado brasileiro", projeta Almeida. A velocidade do LTE, pelo menos por essas bandas, está só na navegação que promete.